1/26/2015

Progessos II - máquinas

O meu pai anda impaciente com o andamento lento das coisas na quinta. Há tanto para fazer e é impossível fazer tudo ao mesmo tempo.. Há um pomar para tratar, uma horta para plantar, uma estufa para montar, sistema de rega para recuperar e completar, capoeira por terminar, muito terreno ainda por desbravar e ainda a casa e anexos estão em fase de obras e acabamentos.

O meu plano, além de ir fazendo observações e uma planificação integrada (evitando remendos aqui e acolá e acabando com uma manta de retalhos descoordenada), é ir adquirindo as máquinas e instalando as infraestruturas básicas. 

Comprei uma roçadora, que já tem sido posta a bom uso. Pensei em adoptar cabras para me irem limpando o terreno, mas nesta fase não estou preparada para assumir o compromisso de ter e cuidar de mais animais, além dos domésticos. Podia pedir emprestadas ou alugá-las, mas isso também não será muito fácil e além disso foi-me dito por diferentes pessoas, que as cabras e ovelhas são boas para a manutenção do terreno a longo prazo, desde que se consiga controlar e delimitar os locais a que têm acesso (e vejo aí imensas dificuldades), mas não tão boas para um desbravamento inicial de um terreno dado o tempo que demorariam a terminar a tarefa. A ideia não está totalmente posta de parte, mas nesta fase a roçadora e outras ferramentas parecem ser a escolha mais adequada neste caso.

Comprei também uma biotrituradora, para triturar ramos de podas e especialmente silvas. As silvas são um grande problema por aqui, mas não quero queimá-las como muita gente faz, prefiro compostá-las. Só que para isso, precisam de ser reduzidas a lascas, ou seria um pesadelo manuseá-las e geri-las, além de que os caules cortados e arrancados, podem facilmente pegar e dar origem a novas plantas. Este fim-de-semana experimentei a máquina durante cerca de uma hora. Eu e o meu pai triturámos silvas que se acumulavam numa pilha e ficámos satisfeitos com o resultado. Juntei as lascas à pilha de composto e um problema foi transformado em solução.



O meu avô pretende oferecer-me uma motoenxada que ele tem numa arrecadação há anos sem uso. Aparentemente, está com problemas de funcionamento e irei tentar que seja arranjada para a usar por aqui. Tenho cavado com enxada a zona da horta e acho que de todo o trabalho agrícola, é sem dúvida o pior de todos e não é de forma alguma exequível fazê-lo num hectare de terreno. Eu sou admiradora do Fukuoka e acredito piamente que o ideal é não remexer o solo, mas isso implica seguir todo um caminho que não me encontro preparada ainda para percorrer. Obviamente não irei nunca remexer o solo profundamente e revirá-lo, mas uma mexidela superficial para ajudar a controlar as ervas e silvas parece ser uma opção adequada neste terreno.

Existe a questão do consumo energético. Todas estas máquinas consomem gasolina ou energia eléctrica. Não foi de ânimo leve que eu as comprei e/ou decidi utilizar. Há sempre por detrás a consciência de que não estou a desenvolver em pleno a minha auto-suficiência ou a reduzir drasticamente a minha pegada ecológica, ao habituar-me a depender destas máquinas. Mas essa independência poderá vir a ser criada mais tarde, através de fontes alternativas de energia ou com a transição para outros métodos. 

Estou, por exemplo, a ponderar arranjar, de seguida, uma bomba para a água do poço, embora tenha em mente a eventual criação de um lago e sistema de captação e armazenamento de água da chuva, que permita a rega sem consumo energético. Mas enquanto uma bomba custa umas centenas de euros, criar um lago de boa dimensão e swales e valas de drenagem, ficar-me-ia talvez por milhares de euros. E quando o orçamento é limitado e os recursos humanos também, por vezes é necessário recorrer a soluções mais imediatas. De qualquer forma, o objectivo futuro será ter diversas fontes com a mesma função, pelo que a bomba no poço nunca se tornará obsoleta mesmo que venha desenvolver outros métodos de irrigação. Convém ter sempre na manga mais do que uma forma de efectuar a mesma função - um dos princípios da permacultura.

Forno de lenha

A nova casa tem um forno de lenha incorporado no centro da casa. É grande e não muito prático ou económico para ser usado no quotidiano.


No entanto eu estava ansiosa por o experimentar. Só que escolhi mal o dia para a experiência, pois não tinha acendalha suficiente e a lenha também estava um pouco húmida e foi extremamente difícil ateá-lo. Só com ajuda de muito cartão e paciência, é que se conseguiu atear um fogozinho, mas, concluí que só ia dar para cozinhar umas bolachinhas, estava fora de questão cozinhar algo maior.
Infelizmente não esperei que o lume se extinguisse e ainda havia muito fumo no interior do forno, o que fez com que as bolachas ficassem a saber a fumado. Quem beneficiou disso foram os meus cães, que adoraram os biscoitos.


Para cozer pão ou cozinhar alguma refeição, terei de gastar muito mais lenha e criar uma braseira muito maior. Só compensa se for em ocasiões especiais ou para grandes quantidades. Haverão novas tentativas no futuro.

1/03/2015

Progressos

Passaram-se 4 meses na quinta. Confesso que não tenho passado muito tempo lá fora e por isso não posso dizer que tenha feito muito trabalho no exterior. Há ainda muito que fazer dentro de casa, além de haverem outros assuntos a manterem-me ocupada. Felizmente conto com a ajuda do meu pai e da minha mãe e por isso houve alguns progressos.

Algumas partes do terreno foram desbravadas. A área é grande e tem mato alto com muitas silvas. Mesmo uma roçadora profissional tem tido dificuldade em cortar certa vegetação. Mas foram abertos alguns caminhos, descobriram-se patamares na encosta, assim como mangueiras e tubos de rega já instalados ainda em boas condições, cercas e vedações, dezenas de pinheiros escondidos debaixo do mato... E também muita tralha e lixo. Paletes e madeiras diversas, tubagens e redes, ainda utilizáveis, mas também plásticos e restos de óleo queimado, infelizmente.

Em frente à casa e num nível abaixo, existe um patamar com algumas árvores de fruto e espaço para criação de uma horta. Controlámos as silvas, é preciso controlar a grama e era preciso também impedir que os cães continuassem a usar o espaço como WC e recreio, por isso fizeram-se cercas, com paletes encontradas na propriedade, para fechar ambas as extremidades. 




O único senão deste espaço é que é muito ensombreado, por estar numa colina virada ligeiramente a noroeste. Nesta altura do ano, o sol só começa a banhar um dos lado a partir das 10h e só pelas 12h é que já ilumina quase todo o patamar. Os dias têm sido muito frios e pela manhã o solo costuma estar coberto de geada, que só derrete quando o sol lhe toca. Poderá ser um problema quando tivermos culturas instaladas. O muro de pedra poderia criar um efeito de estufa, mas como não chega a apanhar sol, o calor armazenado nas pedras é reduzido. Estou a pensar criar uma pilha de composto ao longo do muro, mas ainda não estou certa dessa escolha.

Já tive a má experiência de transplantar aromáticas para um canteiro grande de pedras que existe no lado norte da casa, e os meus cães darem conta delas em pouco tempo. Eles gostam de comer ervas e cavar buracos e fazer cocó nos canteiros e eu não tive isso em conta. Estou agora a usar canas para criar uma bordadura alta em redor do canteiro e terei de plantar novamente algumas das plantas. Só resistiram um Aloé e um bom molho de hortelã. Cerca de meia dúzia de outras espécies foram comidas, arrancadas e espezinhadas...

Já podámos as árvores na zona circudante à casa. Existem oliveiras e figueiras mais abaixo no terreno, mas só agora se está a começar a chegar lá.


Começámos a instalar um sistema de caleiras a toda a volta da casa, com a dupla intenção de reduzir as quedas de água que incomodam e causam certos danos, devido às escorrências e infiltrações daí derivadas e também com a finalidade de direccionar essas águas para depósitos, para serem usados em regas. Depois de vistos muitos tipos de depósito diferentes, estamos a pensar optar por aqueles quadrados de plástico com 1m3, para colocar em diferentes locais e servirem diferentes áreas. Para reduzir o impacto visual, vou tentar escondê-los atrás de plantas trepadoras e até mesmo envolvê-los em tela verde que além de os camuflar, poderá reduzir a formação de limos no seu interior. É outra questão ainda em estudo.




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