Quando comecei a trabalhar na quinta da Harpa, o Zé já tinha cultivado, entre outras coisas, couves, cebolas e alhos. Ele queixava-se que todas as semanas tinha que arrancar ervas do meio destas hortícolas, por isso decidi fazer mulching nestes canteiros. Arranquei as ervas, deixei-as no solo, cobri com jornais e por fim tapei com palha. Quando ele viu o que eu tinha feito, ia-lhe dando uma coisa... :)
Ele não confia muito na inocuidade dos jornais e cartões, os primeiros por terem tintas e os segundos por terem colas. Mas eu tentei assegurá-lo de que qualquer impacto menos bom que estes compostos tenham no solo, são largamente compensados pelo trabalho que nos poupam e pela retenção da humidade no solo. Quanto à redução do trabalho ele já se convenceu, pois desde que fiz o mulching, há cerca de um mês, nunca mais tivémos de nos preocupar com ervas daninhas. Quanto à humidade do solo, não está tão convencido.
Infelizmente, a rega da horta é feita por aspersão, o que significa que só após haver encharcamento dos jornais é que a água chega ao solo e como resultado disso, muitas vezes observamos que após a rega, o solo fica pouco húmido e apenas junto da superfície. Não sei se em resultado disso, mas parece que sim, as couves em que apliquei o mulching estão a desenvolver-se muito pouco.
Penso que a solução ideal não será eliminar o mulching, mas sim mudar o tipo de rega para gota-a-gota, até porque poupa bastante mais água relativamente à rega por aspersão. Já lhe falei nisso, mas esse investimento está em lista de espera nas prioridades da quinta.
Também cobri o solo onde foi cultivado milho e apesar de aqui ter usado cartão em vez de jornal, o milho tem crescido muito bem, porque a rega aqui faz-se com mangueira, directamente sobre as plantas e não por aspersão. Penso que isto confirma que o mal não é do mulching mas sim do tipo de rega.
Existem algumas pilhas de composto em diversos pontos da quinta. Tenho usado algum desse composto e gostava que houvesse mais disponível. Ofereci-me para iniciar uma outra pilha de composto, maior que as existentes, mas o problema é que o composto na quinta é produzido segundo o modo biodinâmico e portanto precisa de levar preparados biodinâmicos específicos. Não temos destes preparados na quinta e sempre que são necessários, é preciso pedir a quem os tenha. O Zé disse-me que esperasse pelos preparados antes de fazer a pilha de composto, mas eu ando a pensar fazer uma sem eles. Mais vale composto não-biodinâmico que composto nenhum.
Eis uma foto de uma das pilhas de composto, com cerca de 6 meses, de onde tenho estado a retirar composto.
Tenho usado este composto em redor de árvores e arbustos plantados recentemente na quinta e sobre o qual também coloco jornais e palha. Comecei pela fila de arbustos de amoras que estavam a ser engolidos pelas ervas e irei continuar a aplicá-lo noutras árvores e arbustos.
Também apliquei composto num canteiro de morangos que se encontra numa encosta da quinta. Estes morangueiros não foram cultivados da maneira mais favorável e praticamente não deram frutos, mas numa tentativa de ainda os salvar, cobri o solo à volta deles com muito composto e tenho-lhes dado alguma atenção. Os próximos serão cultivados em terraços e com muito composto logo de início.
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