O solo da horta é muito mau. É demasiado argiloso e tem pouca matéria orgânica. No Inverno retém tanta água que fica completamente enlamaçado e no Verão retrai-se, ficando compactado nuns locais e abrindo rachas enormes noutros. Quando a seca é extrema, como sucedeu neste Verão, ganha um aspecto pulverulento, como se fosse cimento em pó (tem até um tom cinzento, para maior semelhança).
O meu avô ainda chegou a pedir a um homem que tem uma vacaria ali perto, para espalhar um bom monte de estrume na horta, mas isso nunca foi para a frente. Por um lado isso teria sido bom no aumento da matéria orgânica do solo, mas por outro lado não faria muito pela estrutura do solo e desconfio que até poderia prejudicar a microflora do solo, porque o estrume traria consigo todo o tipo de contaminantes (não me consta que fosse de produção biológica).
O meu pai propôs algo ainda mais radical. Segundo ele, deveríamos extrair aquele solo até uma profundidade de cerca de 50 cms e substituí-lo por terra boa. Ficaríamos então com uma espécie de piscina de terra com paredes argilosas. Eu sempre condenei essa ideia por a achar demasiado disparatada.
Primeiro: este plano assume que o solo não é recuperável e eu discordo disso em absoluto, porque já vi milagres acontecerem em solos muito, mas muito piores que este.
Segundo: este plano não é minimamente sustentável, porque exige maquinaria pesada, grande dispêndio de dinheiro e transporte de recursos entre zonas distantes e ignora completamente o potencial dos recursos locais.
Terceiro: a criação de uma piscina de terra não iria melhorar nada a drenagem da água, que ficaria retida pelas paredes argilosas em seu redor.
Eu sempre insisti que a única solução viável seria recuperar o solo existente, através da adição de matéria orgânica, preferencialmente de origem vegetal em vez de animal.
A matéria orgânica vegetal tem como vantagens o facto de melhorar a estrutura do solo, tornando-o mais leve e arejado e de dispensar os nutrientes às plantas de forma mais lenta que a matéria orgânica animal. O estrume adiciona muitos nutrientes ao solo, mas se não tiver pelo menos palha misturada, funciona de modo semelhante a um adubo químico de síntese - liberta os nutrientes muito rapidamente, estes são lixiviados pelas chuvas e vão contaminar as águas subterrâneas, a estrutura do solo continua má e a longo prazo a fertilidade não melhora.
O estrume é um bom fertilizante, mas é preciso saber quando e onde é que deve ser aplicado e na minha opinião, não deve sê-lo neste caso.
O meu plano é semear adubo verde. Estou a reunir sementes de leguminosas: já tenho favas que colhi nesta mesma horta, tremoços que comprei na BIOCOOP e variedades tradicionais de tremoço e ervilha que "adoptei" da Rede de Sementes Portuguesa. Ainda estou à espera de uns chícharos e caritos que me foram prometidos por uma pessoa e estou a pensar arranjar também luzerna ou tremocilha em maior quantidade (essas sementes terão de ser compradas, mas ando à procura de versões biológicas, para não dar dinheiro às multinacionais agroquímicas). Estas leguminosas vão fixar azoto atmosférico e adubar-me o solo sem que eu tenha de gastar tempo e dinheiro com isso e irão fornecer muita matéria verde que ao se decompôr vai melhorar a estrutura e a vida microbiana do solo.
O processo de recuperação de um solo pode demorar anos, mas num caso como este não demora tanto como a maioria das pessoas costuma pensar. Se a destruição não for total, a Natureza fá-lo com relativa facilidade.
Encontrei um bom exemplo nesta mesma horta. Apesar do estado geral do solo ser mau, nos locais onde a erva cresceu mais abundantemente e sem intervenção humana durante cerca de 2 anos, o solo é completamente diferente - está mais solto, mais húmido, mais escuro e repleto de vida animal.
Aqui está uma fotografia de um monte de ervas e do solo que encontrei debaixo dele.
O meu pai propôs algo ainda mais radical. Segundo ele, deveríamos extrair aquele solo até uma profundidade de cerca de 50 cms e substituí-lo por terra boa. Ficaríamos então com uma espécie de piscina de terra com paredes argilosas. Eu sempre condenei essa ideia por a achar demasiado disparatada.
Primeiro: este plano assume que o solo não é recuperável e eu discordo disso em absoluto, porque já vi milagres acontecerem em solos muito, mas muito piores que este.
Segundo: este plano não é minimamente sustentável, porque exige maquinaria pesada, grande dispêndio de dinheiro e transporte de recursos entre zonas distantes e ignora completamente o potencial dos recursos locais.
Terceiro: a criação de uma piscina de terra não iria melhorar nada a drenagem da água, que ficaria retida pelas paredes argilosas em seu redor.
Eu sempre insisti que a única solução viável seria recuperar o solo existente, através da adição de matéria orgânica, preferencialmente de origem vegetal em vez de animal.
A matéria orgânica vegetal tem como vantagens o facto de melhorar a estrutura do solo, tornando-o mais leve e arejado e de dispensar os nutrientes às plantas de forma mais lenta que a matéria orgânica animal. O estrume adiciona muitos nutrientes ao solo, mas se não tiver pelo menos palha misturada, funciona de modo semelhante a um adubo químico de síntese - liberta os nutrientes muito rapidamente, estes são lixiviados pelas chuvas e vão contaminar as águas subterrâneas, a estrutura do solo continua má e a longo prazo a fertilidade não melhora.
O estrume é um bom fertilizante, mas é preciso saber quando e onde é que deve ser aplicado e na minha opinião, não deve sê-lo neste caso.
O meu plano é semear adubo verde. Estou a reunir sementes de leguminosas: já tenho favas que colhi nesta mesma horta, tremoços que comprei na BIOCOOP e variedades tradicionais de tremoço e ervilha que "adoptei" da Rede de Sementes Portuguesa. Ainda estou à espera de uns chícharos e caritos que me foram prometidos por uma pessoa e estou a pensar arranjar também luzerna ou tremocilha em maior quantidade (essas sementes terão de ser compradas, mas ando à procura de versões biológicas, para não dar dinheiro às multinacionais agroquímicas). Estas leguminosas vão fixar azoto atmosférico e adubar-me o solo sem que eu tenha de gastar tempo e dinheiro com isso e irão fornecer muita matéria verde que ao se decompôr vai melhorar a estrutura e a vida microbiana do solo.
O processo de recuperação de um solo pode demorar anos, mas num caso como este não demora tanto como a maioria das pessoas costuma pensar. Se a destruição não for total, a Natureza fá-lo com relativa facilidade.
Encontrei um bom exemplo nesta mesma horta. Apesar do estado geral do solo ser mau, nos locais onde a erva cresceu mais abundantemente e sem intervenção humana durante cerca de 2 anos, o solo é completamente diferente - está mais solto, mais húmido, mais escuro e repleto de vida animal.
Aqui está uma fotografia de um monte de ervas e do solo que encontrei debaixo dele.
Este pequeno exemplo demonstra que, se a Natureza (que, segundo o paradigma científico vigente, não é uma entidade inteligente) consegue transformar tão bem um solo em tão pouco tempo, então porque não pode uma pessoa minimamente inteligente fazê-lo também? Para tal nem é necessário muito raciocínio, basta seguirem-se as lições da mãe-Natureza. O segredo está em lançar as sementes à terra. Elas farão o resto do trabalho.
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