A horta continua a dar tomatinhos. Já tirei muitos quilos de tomate cherry e agora começam a surgir tomates doutras qualidades: chucha amarelo, coração de boi, redondo acastanhado (não me recordo do nome da variedade) e até um variegado que penso ser resultante duma polinização cruzada, pois os tomates misturaram-se todos e devem ter ocorrido ali alguns cruzamentos não-programados.
As courgetes estavam com uma produção brutal, tirei algumas dezenas de quilos que usei em inúmeros pratos, sopas e cheguei a fazer doce e bolo com elas, mas começaram a ser atacadas por míldio e agora só dão umas courgetezinhas atarracadas ou elas apodrecem antes de se desenvolverem.
Comecei por remover o máximo de folhagem afectada para ver se controlava a disseminação do fungo, mas só consegui atrasar a contaminação. Neste momento já está novamente instalada em força e começa a afectar outras plantas, como as acelgas. Pelo que sei, só a calda bordalesa consegue combater isto eficazmente. É uma solução permitida em agricultura biológica, mas da qual convém não abusar e como a mim me parece demasiado com a utilização de químicos em agricultura convencional, continuo à procura de soluções alternativas.
Tenho experimentado uma solução de vinagre, pois o vinagre costuma ser bom a combater fungos e bactérias. Na verdade, o míldio foi lavado das folhas só com a pulverização do meu preparado, mas receio que o ácido possa queimar as folhas, ou altere o pH do solo causando ainda mais problemas. Mas estou em fase de experimentação e vou arriscando para aprender com os erros.
Entretanto comprei mesmo os ingredientes da calda bordalesa e estou a preparar a mistura para experimentar em paralelo e comparar com os efeitos do vinagre. Na loja onde comprei os produtos, acabei a dar lições de ecologia ao vendedor, pois fico sempre chocada com a ligeireza e ignorância com que as pessoas lidam com estes produtos e outros bem piores. O senhor dizia-me que misturasse meio quilo de sulfato de cobre para 1 quilo de cal e eu dizia-lhe que a receita que eu tinha era para gramas de produto por litro de água, não quilos. Ele torceu o nariz como que a dizer que isso não dava para nada e que não tivesse receio de usar em quantidade, que aquilo era inócuo para as plantas. Só deveria ter cuidado com a cal, que essa sim podia queimar as plantas se aplicada em excesso. Ao que eu repliquei que o sulfato de cobre causa acumulação de cobre no solo e que devemos sempre usar a formulação mais diluída possível. Ele condescendeu só para me fazer feliz, mas obviamente vai continuar a incentivar os clientes deles a aplicarem carradas daquilo desnecessariamente, para que voltem lá muitas vezes para comprarem mais.
As ameixas têm apodrecido antes mesmo de amadurecerem. Concluí que andavam a ser atacadas por moscas da fruta, que com as suas larvazinhas a esburacar a fruta, a deixavam vulnerável a fungos que faziam o resto do trabalho. Tirei todas as ameixas podres das árvores que consegui e pendurei garrafinhas-armadilha com atractivo de açúcar e vinagre, que funciona às mil maravilhas. Ainda vão surgindo algumas ameixas picadas, mas cerca de 80% já parecem estar a desenvolver-se sem mazelas. E as armadilhas estão cheias de mosca da fruta. Infelizmente há outros bichinhos que acabam por cair nas armadilhas, principalmente moscas e formigas e uns mosquitinhos pequeninos, cuja morte prematura, penso, não irá desencadear nenhum cataclismo ecológico na horta.
Custa-me ter de matar animais, mesmo que sejam "apenas" insectos, mas tive de aceitar a inevitabilidade de haver sempre "danos colaterais" quando se trabalha no campo.
As alfaces já espigaram. Não cheguei a apanhar nenhuma, apenas fui colhendo algumas folhas para provar os sabores delas, porque queria mesmo era ter sementes para uma próxima campanha. As sementes de origem foram-me dadas por uma amiga. Germinaram muito poucas, sendo todas elas de variedades diferentes, pelo que fiz questão de deixá-las desenvolver-se para sementes e encher a barriga de alface numa ocasião futura quando já tiver pelo menos uma dúzia de cada a crescer.