7/29/2015

Começo do Outono

Estive sem dar notícias praticamente todo o Verão, mas basicamente foi tempo de ir colhendo os frutos do trabalho da Primavera. Não foi um sucesso estrondoso, mas para primeira época, a experiência não foi má. Colhemos mais de 100 kg de vegetais e frutas da horta e pomar. De momento ainda temos tomateiros a dar frutos, porque não tive "coragem" de arrancá-los e vou deixar que eles decidam por si quando querem parar de produzir. Comecei entretanto a germinar as culturas de Inverno no viveiro e já deram um ar de sua graça com as primeiras chuvas. Na terra tenho a crescer ainda couves, alho-francês, alhos e cebolas. Em torre de pneus e sacos, estão as batatas-doce já bastante desenvolvidas (a parte aérea, porque ainda não vi se produziram alguns tubérculos).
Apanhei hoje a penúltima dose de dióspiros (faltam ainda amadurecer alguns) e agora aguardo a vez dos citrinos começarem a frutificar.
Devido à escassez de água, não pudémos expandir os cultivos e focámo-nos em procurar soluções para o futuro. Pedimos orçamentos para furos e pedimos a um especialista que nos fizesse um projecto de aproveitamento de água da chuva. 
Já temos caleiras e depósitos a aproveitar a água das chuvas que cai nos telhados, mas isso apenas permite regar a horta e o pomar nos dias secos entre os dias de chuva no Outono/Inverno. Mas não temos depósitos suficientes para guardar água para todo o Verão e muito menos para irrigar futuras áreas a ser cultivadas. Teríamos de encher metade do terreno com depósitos para regar a outra metade. Uma alternativa seria criar um lago ou represa que armazene água em grande quantidade, mas devido à topografia do terreno, não é fácil encontrar uma solução eficaz a um preço razoável. Existe a possibilidade de criarmos "swales" no terreno, que promovam a infiltração das águas de escorrência, mas isso também não resolve todas as necessidades de irrigação que temos nos nossos planos. É apenas mais uma ferramenta que deveríamos utilizar juntamente com outras, para termos garantidamente água no nosso terreno. Em breve, penso ter tudo isto melhor definido e orçamentado. 
Até lá vão-se fazendo outras obras e arranjos necessários. A quinta ainda parece um estaleiro e não tem um ar bonitinho para impressionar as visitas, mas a transformação não se faz dum dia para o outro, especialmente quando o orçamento é limitado. Há que ter paciência e ir fazendo o que se pode.

Pragas e doenças

A horta continua a dar tomatinhos. Já tirei muitos quilos de tomate cherry e agora começam a surgir tomates doutras qualidades: chucha amarelo, coração de boi, redondo acastanhado (não me recordo do nome da variedade) e até um variegado que penso ser resultante duma polinização cruzada, pois os tomates misturaram-se todos e devem ter ocorrido ali alguns cruzamentos não-programados.

As courgetes estavam com uma produção brutal, tirei algumas dezenas de quilos que usei em inúmeros pratos, sopas e cheguei a fazer doce e bolo com elas, mas começaram a ser atacadas por míldio e agora só dão umas courgetezinhas atarracadas ou elas apodrecem antes de se desenvolverem. 


Comecei por remover o máximo de folhagem afectada para ver se controlava a disseminação do fungo, mas só consegui atrasar a contaminação. Neste momento já está novamente instalada em força e começa a afectar outras plantas, como as acelgas. Pelo que sei, só a calda bordalesa consegue combater isto eficazmente. É uma solução permitida em agricultura biológica, mas da qual convém não abusar e como a mim me parece demasiado com a utilização de químicos em agricultura convencional, continuo à procura de soluções alternativas. 
Tenho experimentado uma solução de vinagre, pois o vinagre costuma ser bom a combater fungos e bactérias. Na verdade, o míldio foi lavado das folhas só com a pulverização do meu preparado, mas receio que o ácido possa queimar as folhas, ou altere o pH do solo causando ainda mais problemas. Mas estou em fase de experimentação e vou arriscando para aprender com os erros. 
Entretanto comprei mesmo os ingredientes da calda bordalesa e estou a preparar a mistura para experimentar em paralelo e comparar com os efeitos do vinagre. Na loja onde comprei os produtos, acabei a dar lições de ecologia ao vendedor, pois fico sempre chocada com a ligeireza e ignorância com que as pessoas lidam com estes produtos e outros bem piores. O senhor dizia-me que misturasse meio quilo de sulfato de cobre para 1 quilo de cal e eu dizia-lhe que a receita que eu tinha era para gramas de produto por litro de água, não quilos. Ele torceu o nariz como que a dizer que isso não dava para nada e que não tivesse receio de usar em quantidade, que aquilo era inócuo para as plantas. Só deveria ter cuidado com a cal, que essa sim podia queimar as plantas se aplicada em excesso. Ao que eu repliquei que o sulfato de cobre causa acumulação de cobre no solo e que devemos sempre usar a formulação mais diluída possível. Ele condescendeu só para me fazer feliz, mas obviamente vai continuar a incentivar os clientes deles a aplicarem carradas daquilo desnecessariamente, para que voltem lá muitas vezes para comprarem mais.




As ameixas têm apodrecido antes mesmo de amadurecerem. Concluí que andavam a ser atacadas por moscas da fruta, que com as suas larvazinhas a esburacar a fruta, a deixavam vulnerável a fungos que faziam o resto do trabalho. Tirei todas as ameixas podres das árvores que consegui e pendurei garrafinhas-armadilha com atractivo de açúcar e vinagre, que funciona às mil maravilhas. Ainda vão surgindo algumas ameixas picadas, mas cerca de 80% já parecem estar a desenvolver-se sem mazelas. E as armadilhas estão cheias de mosca da fruta. Infelizmente há outros bichinhos que acabam por cair nas armadilhas, principalmente moscas e formigas e uns mosquitinhos pequeninos, cuja morte prematura, penso, não irá desencadear nenhum cataclismo ecológico na horta. 
Custa-me ter de matar animais, mesmo que sejam "apenas" insectos, mas tive de aceitar a inevitabilidade de haver sempre "danos colaterais" quando se trabalha no campo.












As alfaces já espigaram. Não cheguei a apanhar nenhuma, apenas fui colhendo algumas folhas para provar os sabores delas, porque queria mesmo era ter sementes para uma próxima campanha. As sementes de origem foram-me dadas por uma amiga. Germinaram muito poucas, sendo todas elas de variedades diferentes, pelo que fiz questão de deixá-las desenvolver-se para sementes e encher a barriga de alface numa ocasião futura quando já tiver pelo menos uma dúzia de cada a crescer.

7/15/2015

Raposinha

Afinal a raposinha talvez tivesse sede e não fome. Não me tinha ocorrido, mas a verdade é que mesmo os javalis andaram pelo leito do rio seco a fazer escabeche, provavelmente à procura das últimas poças.
A seca continua e os animais não devem ter facilidade em encontrar água.

Alguns homens que andam aqui perto a fazer obras na estrada, disseram ter visto a raposa de manhã a sair de um ribeirinho seco. Sò então me ocorreu que talvez ela andasse em busca de água. O meu pai teve a mesma ideia nesse dia.

Felizmente, eu tinha deixado água junto com a comida e no dia seguinte verifiquei que tinha sido bebida. A comida desapareceu mais gradualmente, mas também foi desaparecendo. Desde então comecei a deixar-lhe água todos os dias. Comida não voltei a colocar, pois não quero que ela se torne dependente, apenas quero dar-lhe um reforço da dieta de vez em quando. 

Já a vimos mais duas vezes e mesmo quando não a vemos, quase todas as noites os cães dão sinal das visitas dela.

 



7/13/2015

Verão

O Verão está instalado e estamos à míngua de água. O poço não consegue acompanhar as nossas necessidades de rega e os ribeiros estão secos. Já sabia que isso poderia acontecer, mas no fundo tinha esperança que não acontecesse. Agora estamos a estudar e orçamentar soluções possíveis para termos água nos próximos Verões.
Entretanto vamos regando as árvores e a horta o mínimo possível, com água da rede, para não perdermos as plantas que já temos.

Tive uma boa colheita de beterrabas e courgettes. Ao ponto de ter de pensar em formas de as transformar, pois não conseguia consumi-las frescas ao ritmo a que se iam acumulando na cozinha. Experimentei desidratar as beterrabas no forno solar e ficaram excelentes. Com uma pitada de sal, sabem melhor que batatas fritas!


Tentei fazer o mesmo com as courgettes, mas tive mais dificuldades, por terem tanta percentagem de água. Demoram muito mais tempo a secar e ficam reduzidas a uma folha tão fina que se cola aos tabuleiros de rede. Depois de duas tentativas falhadas, optei por procurar receitas de doce de courgette, que pus em prática e ficou delicioso.

  

Hoje já colhi tomate cereja e tomate chucha, mas a quantidade é modesta e vou aguardar que amadureçam mais tomates (há muitos, mas verdes) para lhes tirar fotos. O mesmo se passa com as amoras. Há imensas silvas carregadinhas pelo tereno fora, mas a maior parte das amoras ainda está verde. Daqui a uma ou duas semanas devem estar no ponto.

Tinha semeado alguns girassóis que finalmente deram o ar da sua graça, mas vão servir basicamente para aproveitamento de sementes, se os passarocos não as comerem todas.



Por causa da falta de água, coloquei as culturas todas em standby, apesar da minha vontade de continuar a expandir a horta. Mas quando começaram a grelar umas batatas-doce que eu tinha comprado para comer, decidi aproveitar uns pneus abandonados no terreno, para experimentar a técnica de cultivo em torre. Vi algures que também funciona com batata doce. Mas já comecei mal, pois devia tê-las plantado no chão e assim desaproveitei um nível de pneu... Paciência.


Aproveitei para testar também uma técnica de rega, com garrafas PET e cones cerâmicos de enroscar, que vão libertando a água por osmose. Tinha comprado os cones há um par de anos para a minha horta de varanda e acabei por nunca os usar, até hoje. Estão agora a ser testados com as batatas-doce e algumas árvores de fruto. Se resultarem bem, gostava de comprar mais uns quantos destes cones para usarmos em plantas de acesso mais difícil, que geralmente regamos com regador e nos obrigam a algumas acrobacias. No AKI estão a vender estes cones a 7 EUR cada, mas eu lembro-me de os ter comprado no Continente em promoção, tipo fim de stock, por pouco mais de 1 EUR cada. Trouxe todos quantos havia disponíveis, infelizmente não eram mais de meia-dúzia.

Existem métodos alternativos, como enterrar vasos ou potes de cerâmica (não vidrada) ao lado das plantas, ou até mesmo enterrar as garrafas PET pelo gargalo directamente no solo, com as tampas devidamente furadas (mas eu já tentei essa técnica e tive dificuldade em regular a saída de água das garrafas: ou desparecia num instante, ou não saía nada). Pesquisando na net, encontram-se inúmeras soluções e opiniões de quem as testou. É uma questão de investir algum tempo a ver o que resulta melhor para nós. Eu, pessoalmente, se vir mais destes cones em saldos, vou aproveitar.

Entretanto temos uma nova amiguinha. A raposa cujos olhos eu já tinha avistado na noite, tornou-se mais descarada e já veio sentar-se em frente ao nosso portão. Como os nossos cães ficaram loucos e quase saltavam a vedação para ir atrás dela, fizémos por enxotar o bichito, apesar de lhe acharmos graça. Mas agora é comum chegarmos a casa e ela sair das moitas para vir ao estacionamento ver quem chegou. A bichinha pode ser apenas curiosa, mas tenho receio de que possa estar com fome. Apesar de não me ter parecido magra ou doente, a verdade é que devido a vários factores (seca, obras barulhentas na estrada, caçadores nas redondezas) penso haver falta de coelhos e outros bicharocos que lhe sirvam de alimento. Por isso mandei à fava a velha máxima de que não se devem alimentar os animais selvagens e fui deixar alguma ração de cão e água em locais estratégicos por onde ela pode passar.
Não tenciono domesticá-la e torná-la dependente de comida artificial, apenas ajudá-la a passar uma fase mais difícil de forma a ela poder continuar viva e capaz de se alimentar quando encontrar uns coelhinhos por aí aos saltos. Mas se ela me quiser cativar, marcaremos encontro todos os dias à mesma hora :)

 

6/17/2015

Os frutos do nosso trabalho

Estive fora durante duas semanas, mas os trabalhos por aqui prosseguiram e as plantas não pararam de crescer.
A horta está verdejante, com acelgas, couves, beterrabas, courgettes e alfaces já prontos a comer e tomates, batatas, cenouras e alho-francês ainda a crescerem, mas também com bom aspecto.
As árvores e arbustos já vão dando frutos, e vamos comendo aquilo que os pássaros não apanham primeiro (são um problema a ser resolvido), como figos, pêssegos, nêsperas, ameixas e framboesas.
Infelizmente o poço está praticamente seco e estamos a racionar as regas, mas temos algumas ideias para criar reservas de água alternativas e iremos debruçar-nos sobre esse assunto nos próximos tempos.
Entretanto, aqui ficam algumas fotos da horta e de alguns produtos colhidos recentemente.










5/27/2015

Evolução da horta

A horta vai de vento em popa, embora tenha sofrido alguns percalços.
Andavam a desaparecer plantas misteriosamente. Eu transplantava uma fila para a horta e no dia seguinte faltavam dez plantas, transplantava outra fila e mais dez plantas desapareciam. Gastei quase metade das plantas germinadas em tabuleiro, a repôr plantas que desapareceram da horta.
Descobri que as minhas cadelas encontraram formas habilidosas de saltar a cerca e de entrar e sair da horta, pela calada da noite. As alfaces e espinafres foram os alvos preferenciais, mas também desapareceram cenouras e outro tipo de plantas.
Durante este processo de desaparecimentos e averiguações, acabei por não instalar mais filas de plantas e por enquanto vou adiar essa instalação por mais algum tempo. Para já vou observando o que está a crescer.





O que temos mais são courgetes, couves, acelgas, tomates, batatas e rabanetes. Os rabanetes crescem muito bem e já entraram em diversas saladas. As courgetes começam agora a ficar comestíveis. O resto precisa ainda de tempo para se desenvolver. Mais do que encher-nos a barriga, estas plantas pioneiras servem-nos como ferramenta de aprendizagem e para recolha de sementes para futuras plantações e sementeiras, mas o gozo de comer um rabanete e umas folhinhas de couve nascidas na nossa horta, também alimenta a alma.




5/25/2015

Vizinhança selvagem II

Continuam as noites "estreladas" com pirilampos. É um espectáculo lindo, chegam a ser dezenas em cada moita e arbusto e parecem estar a tocar sinfonias de luz. Tentei filmá-los, mas a minha máquina não tem sensibilidade para captar luzes tão fracas, o vídeo só capta escuridão.
Temos tido outros visitantes selvagens dignos de nota.
Melros: parecem especialmente atraídos pelos pinheiros da nossa entrada.
Corujas: há dias o meu pai deu de caras com uma pousada num poste da vedação e de vez em quando ouvem-se à distância.
Mochos: há pouco tempo um mocho pequenito teve o azar de cair na chaminé da nossa lareira (que felizmente não estava acesa) e conseguimos resgatá-lo e safá-lo de boa. Assim que o trouxemos à rua, voou logo para a mata.
Rapina mistério: há uma rapina de estimação que há meses voa por cima de nós em círculos (à caça) e de vez em quando vemo-la nos seus vôos picados nos terrenos em redor. Nestes últimos dias tem-nos brindado com a sua aproximação. Da janela do meu escritório, vi-a pousar numa pedra e pouco depois lançar-se sobre o que deveria ser um passarinho distraído, pois só vi um tufo de penas brancas a voar em todas as direcções. Ontem esteve pousada no pinheiro em frente à janela e hoje pousou no portão da entrada e consegui vê-la um pouco melhor. É castanha, com o peito todo branco. Ainda não consegui identificar que tipo de rapina é, andávamos a chamar-lhe milhafre, mas também pode ser uma águia ou um falcão. É parecida com estes bichinhos:
Bútio vespeiro
Peneireiro-cinzento
Espero a oportunidade de a fotografar com o zoom, para ver se consigo identificá-la.
Entretanto tivemos um encontro imediato com uma cobra com cerca de 1.5 mts, mesmo à porta de casa. As cadelas deram o alarme: fui ver o que se passava e deparei-me com as cadelas a morder a cobra e a cobra a morder as cadelas. Foi difícil conseguir afastá-las, para a cobra poder fugir, mas lá se conseguiu enfiar debaixo dumas pedras, para desgosto das minhas meninas.
Meninas que são aparentemente as responsáveis pelos danos que se andavam a verificar na horta. Mas disso eu falo depois.

5/04/2015

Vizinhança selvagem

Não fazia ideia de que tão perto da minha anterior morada, se encontrava um lugar suficientemente remoto para ser habitado e visitado por todo o tipo de animais silvestres.
É habitual ver por aqui coelhinhos a saltar e rapinas a voar em círculos. Consta que uma cobra grandinha habita o nosso poço e já vi outras mais pequenas a rondar a casa. 
Temos um bom número de ratitos do campo que servem de alimento às cobras e que as minhas cadelas também adoram caçar (com muita pena minha, pois acho os ratinhos adoráveis).
Tinham-nos dito que haveriam javalis por aqui e é certo e sabido que eles andam por aqui. Nunca os vimos, mas já os ouvimos no terreno e eles deixam a terra bem remexida quando passam por aqui a noite. Um destes dias deixaram um trilho de pegadas bem marcado. Aparentemente, uma mamã com os seus bebés. Espero não me encontrar de caras com essa família feliz, pois as mães javalinas são um bocado super-protectoras.
Os nossos cães passaram noites agitadas sem pregar olho por causa deles e em consequência, também nós.
Entretanto houve uma acalmia na movimentação dos javalis e noites mais tranquilas, até há poucos dias atrás, em que os cães voltaram a enlouquecer. 
Uma destas noite tive de apontar a lanterna para a vedação, para ver se conseguia descortinar a razão de tanta algazarra e vi uns olhos não identificados a brilhar do lado de fora. Pensei que fosse um gato ou um cão, embora um cão fosse improvável àquela hora. Hoje tive melhor sorte, pois ainda no crepúsculo, consegui ver passar a 10 metros de mim aquele que penso ser o dono daqueles olhos- Apesar do tamanho, pareceu-me ser uma raposa. Li algures que as raposas pesam entre 5 a 6 kgs, mas aquele era bicho para 10-12 kgs, mais ou menos do tamanho das minhas cadelas. Por isso fiquei na dúvida, talvez fosse um cão selvagem, mas pela cauda, focinho e movimentos, estou convencida que era uma raposa.
Entretanto chegaran os pirilampos, É lindo ver o jardim cheio de luzinhas a piscar, parecem luzes natalícias. Os cães é que parecem ficar ainda mais desassossegados com a novidade. Eles também não estão ainda habituados à vida no campo :)




4/29/2015

Novidades na horta e pomar

A horta já avançou um bocadinho, mas ainda é uma obra em progresso. Já temos cerca de 14 filas com diversidade de plantas (courgettes, couves, cebolas, acelgas, alfaces, cenouras, tomates...) a serem irrigadas gota-a-gota. As plantas ainda estão muito pequeninas e não há garantias de que vamos ter alguma produção que se veja, mas quase as vejo crescer de dia para dia e mantenho a esperança. Tem havido alguns ataques nocturnos às plantas e algumas aparecem arrancadas das covas em que foram plantadas. Não sei se são as cadelas que se infiltram lá à noite e causam os estragos ou se será um outro bicho curioso, mas é um trabalho muito preciso, pois nada mais aparece fora do sítio. Espero que isto não venha a tornar-se um problema...

Ainda há espaço para mais meia dúzia de filas, pelo que iremos continuar a instalação. Como i sto ainda tem tudo carácter experimental, estamos a tentar diferentes métodos de manejo do solo e das ervas. O meu pai quis manter um cantinho de solo nu que irá ter de ser mondado de quando em vez para se controlarem as ervas. Eu optei por cobrir o solo, o que deu mais trabalho inicial, mas espero que venha a poupar trabalho daqui para a frente. Usei cartão e tela anti-daninhas, para comparar os efeitos de cada um, além de mulching com os restos de vegetação compostados previamente. De aspecto, ficou bonito, vamos a ver na prática qual o resultado deste esforço e qual o método mais compensatório em termos de eficiência/economia.


A taxa de sucesso de recuperação do pomar foi elevada. Das cerca de 50 árvores que estavam moribundas e que foram transplantadas recentemente, todas com excepção de uma pereira, estão já verdes ou floridas. Só precisavam de um bocadinho de atenção e água para saírem do coma em que se encontravam. Vamos a ver agora como se irão desenvolver nos próximos anos, mas para já estão viçosas.


4/24/2015

Ervas comestíveis I

Enquanto as plantas crescem lentamente na horta, dediquei-me ao estudo das plantas espontâneas comestíveis que por aqui crescem e concluí que a natureza é pródiga e dá-nos muito alimento sem que tenhamos de o semear ou plantar. Só é preciso ter um espírito aberto e o conhecimento certo, para evitar envenenamentos.
Há tempos fiz um arroz de urtigas, erva cujas propriedades alimentícias já conhecia há anos, mas que por aqui não abunda. Mas hoje decidi provar outras que nunca antes tinha comido e que se encontram aqui com mais abundância.
Apanhei folhas jovens de serralha...


de tanchagem...


 e de mostardeira negra...


e cozi-as todas como se fossem espinafres. Comemos ao almoço a acompanhar arroz e grão de bico e fiquei positivamente surpreendida, pois eram bastante palatáveis. Também colhi flores da mostardeira, mas estavam cheias de insectos e perdi a vontade de as comer...
Para compensar, juntei umas quantas flores de capuchinha - felizmente livres de insectos - e o prato ficou um pouco mais colorido.


Proximamente irei testar outras ervas comestíveis, esperando ficar mais sabedora sobre a sua identificação, os seus usos e os seus sabores.

4/14/2015

Granola caseira


O que fazer com um montão de pacotes de flocos de cereais de mel (vulgo nestum) que ninguém em casa tem por hábito comer? Fiz uma pesquisa online e encontrei a receita ideal de granola caseira com esses cereais. Não estava muito certa de que resultasse, mas o resultado foi excelente.
Misturei a olho meia taça grande de flocos de cereais de mel, com mais ou menos 2/3 dessa quantidade em aveia e juntei em doses aproximadas e generosas, sementes de sésamo, linhaça e sementes de girassol. Envolvi tudo em azeite e mel mornos e espalhei a massa resultante num tabuleiro forrado a papel vegetal. O forno foi previamente aquecido durante 10 minutos e a granola só necessitou de mais uns 15 minutos, com uma reviradela a meio da cozedura para uniformizar. E ficou excelente, aprovado por toda a família. 

3/29/2015

Pomar

A quinta já tinha um pomar com 48 macieiras Bravo Esmolfe plantadas, mas devido ao abandono em que se encontrava, muitas das árvores já tinham morrido. Sobravam 28 macieiras ainda vivas, embora sedentas, que pensamos ainda poderem desenvolver-se. Entretanto era preciso preencher os espaços deixados livres pelas árvores mortas e entre trocas e compras, adquiri para o pomar dois pessegueiros, duas laranjeiras, três macieiras, uma clementineira, uma tangerineira e oito pereiras, que já começaram a ser plantadas.


O sistema de rega já estava instalado e só precisámos de limpar um pouco o terreno com a roçadora e verificar os gotejadores em falta.
A bomba de rega funcionou e já começámos a regar o pomar. Algumas árvores já têm botões a despontar.
Entretanto reparou-se que pelo menos uma das árvores mais antigas estava um pouco roída na base do caule, o que trouxe à baila a necessidade de protegê-las dos roedores. Por isso tenho estado a colocar tubos de rede protectores em todas elas.


Noutros locais da quinta também temos nespereiras, figueiras, ameixeiras, kiwizeiros e outras árvores ainda não identificadas. Estou ansiosa por as ver a dar frutos!

3/22/2015

Tralhas por plantas

Os trabalhos na horta continuam. As plantas começam a germinar.
 


Já temos o motor de rega arranjado, mas ainda não o testámos. As tubagens começam a estar prontas para a rega. Ontem andei a ver se finalmente arranjava uns depósitos de 1000 litros para armazenar a água. Tentei arranjar por troca e não consegui, agora estou a tentar comprar usados em bom estado, mas está difícil. Tenho um vizinho que me vende os dele por 50 EUR, mas alguns estão demasiado ferrugentos para o meu gosto. Talvez fique só com dois que estão melhorzinhos. Em breve a horta e o pomar estarão em "funcionamento".

Tenho recorrido às trocas para aquisição de certos materiais para a quinta. Comecei por coisas simples como uma ou outra ferramenta e luvas de trabalho, mas também adquiri muitas sementes, como já tinha referido. Agora arranjei plantas aromáticas, árvores e arbustos em troca de mobiliário antigo que se estava a estragar na arrecadação do meu avô e uns halteres que já não eram necessários (a quinta é o meu ginásio).
Consegui arranjar mais uma romãzeira, um pessegueiro, duas figueiras, sete pereiras rocha, diversos pés de poejo, segurelha, cidreira, dois tipos de menta, tomilho, erva-príncipe, entre outros.




Há quem troque estrume, lenha, palha e todo o tipo de coisas que me dão jeito por aqui, mas o sucesso da troca depende de termos algo que as outras pessoas queiram em troca, o que nem sempre sucede. Mesmo assim já consegui fazer algumas trocas que me pouparam dinheiro e me livraram de tralha ao mesmo tempo. Vou continuar atenta a esse tipo de oportunidades.

3/11/2015

Sementeira de Primavera

A Primavera ainda não chegou oficialmente, mas já começa a dar sinais de vida. Algumas árvores de fruto já estão floridas, as estacas feitas este Inverno, começam a dar folhas, o calorzinho do sol já aquece o coração...


Mas temos a sementeira de Primavera atrasada. Estive em viagem durante duas semanas, o que atrasou a sementeira e plantação para a horta e jardim.
O meu pai semeou algumas coisas enquanto estive fora, mas até ao momento germinaram apenas meia dúzia de plantinhas. Uma das razões poderá ser a idade das sementes que ele usou, outra poderá ser a terra demasiado pesada que ele usou nos tabuleiros de germinação.

Para compensar, dediquei-me nestes últimos dias, a semear dezenas de variedades em quantidade superior ao que necessitamos para a horta e jardim, para prevenir eventuais falhas de germinação. E usei algumas sementes mais antigas e outras deste ano, para evitar o cenário em que nada germine.


Não precisei de comprar vasos e tabuleiros, pois tive a sorte de há 2 anos atrás ir dar uma palestra sobre OGMs num evento nos Olivais e em troca trazer o carro cheio de tabuleiros e vasos que tinham sido adquiridos pela organização para um workshop e foram oferecidos no final do evento a quem os quisesse levar. Não queria parecer açambarcadora, por isso deixei que outras pessoas levassem também o que queriam, no entanto não me fiz rogada a trazer o mais que pude depois de outros se servirem. Na altura não sabia ainda onde e quando lhes iria dar uso, mas sabia que me iriam dar jeito em breve.

Quanto ao substrato, ao longo dos anos fui comprando uns pacotes de fibra de côco comprimida (um bloco tipo tijolo, misturado com água, dá 10 litros de substrato), porque achei barato e fácil de armazenar e sabia que um dia iria ser útil. Fui buscar os ditos blocos que estavam guardados no sotão e comecei por usar este substrato nos primeiros tabuleiros. É muito leve e fácil de trabalhar e bom para germinação, mas tem o inconveniente de não reter bem a humidade e por isso tenho que ter os tabuleiros sempre cobertos ou andar a regá-los constantemente. Nos tabuleiros seguintes optei por fazer uma mistura da fibra de côco com terra local (um pouco argilosa) e algum estrume bem curtido que havia no terreno. A mistura parece-me ter ficado ideal em termos de estrutura e capacidade de retenção de água. Agora veremos se as sementes não me falham.



Nos últimos 5 anos fui amealhando sementes, através das trocas que faço. Também fui recebendo sementes de oferta de amigos com hortas e quintas. Não sabia bem quando lhes iria dar uso, mas sabia que era importante ter o meu próprio mini-banco de sementes para quando fosse necessário.

Apesar dos cuidados de preservação: em pacotes de papel, dentro de latas de alumínio, com dessicante para proteger da humidade, guardadas no sotão em local escuro e seco - é possível que muitas delas tenham perdido capacidade germinativa ao longo dos anos.

Em paralelo, fui também adquirindo pacotes de sementes comerciais (evitando as variedades híbridas e transgénicas, obviamente), para ter uma maior diversidade, mas também como garantia de que em caso de necessidade, algumas sementes estariam em condições de germinar (assumindo que os pacotes comerciais preservam melhor as sementes do que os meus métodos caseiros).

Nesta sementeira procurei criar um equilíbrio entre as sementes trocadas/ofertadas e as sementes compradas, para garantir uma maior taxa de sucesso. Se umas falharem, as outras compensarão.
 

Sem ser a lista exaustiva de tudo o que semeei, ficam aqui algumas das plantas semeadas:

Tomate chucha, refego, riscado, cereja amarelo
Couve galega, negra, romanesco, branca
Espinafre verde e vermelho
Beterraba diversas cores
Cenoura diversas cores
Acelga diversas cores
Cebola vermelha e roxa
Pimentos diversos
Pimentas, piri-piri
Nabo branco e roxo
Alfaces e chicórias
Ruibarbo
Pastinaca
Rabanete
Agrião de terra
Courgette
Rábano
Alho francês
Girassóis diversos
Goji
Stévia
Physalis
Salsa, Coentros, Tomilho, Cebolinho, Manjericão

Em estacas temos, entre outros:

Alecrim
Alfazema
Groselheira vermelha e negra
Goji
Marmeleiro
Romãzeira
Mirtilo e framboesa (poderão estar mortas, pois foram vítimas de interesse canino, mas veremos...)
Hortênsias
Rosas



Resta esperar para ver como vão crescer.

Entretanto ando a preparar o solo da horta (muita cavadela para remover muitos detritos que por lá foram sendo deixados) e o meu pai anda a tentar aproveitar as mangueiras e bomba avariada do sistema de irrigação do dono anterior, para reutilização na nossa horta. Se não funcionar, teremos de investir em material novo.

Pequeno detalhe que falta referir: as plaquinhas de identificação nos vasos e tabuleiros são todas de plástico reutilizado. Cortei embalagens de champô e até colares isabelinos (de uso veterinário) - que as minhas cadelas são especialistas em destruir quando forçadas a usar - e fiz plaquinhas de identificação (basicamente tiras) onde escrevo com marcador de acetato. São bastante resistentes aos elementos naturais. Já tinha experimentado tiras de madeira e escrever a lápis, mas não resultou muito bem (a madeira incha, apodrece, estraga-se e deixa de se conseguir ler o que lá está escrito). No final da época, ou reutilizo as tiras, limpando-as com álcool, ou simplesmente coloco-as na reciclagem e faço mais com outras embalagens de plástico.


1/26/2015

Progessos II - máquinas

O meu pai anda impaciente com o andamento lento das coisas na quinta. Há tanto para fazer e é impossível fazer tudo ao mesmo tempo.. Há um pomar para tratar, uma horta para plantar, uma estufa para montar, sistema de rega para recuperar e completar, capoeira por terminar, muito terreno ainda por desbravar e ainda a casa e anexos estão em fase de obras e acabamentos.

O meu plano, além de ir fazendo observações e uma planificação integrada (evitando remendos aqui e acolá e acabando com uma manta de retalhos descoordenada), é ir adquirindo as máquinas e instalando as infraestruturas básicas. 

Comprei uma roçadora, que já tem sido posta a bom uso. Pensei em adoptar cabras para me irem limpando o terreno, mas nesta fase não estou preparada para assumir o compromisso de ter e cuidar de mais animais, além dos domésticos. Podia pedir emprestadas ou alugá-las, mas isso também não será muito fácil e além disso foi-me dito por diferentes pessoas, que as cabras e ovelhas são boas para a manutenção do terreno a longo prazo, desde que se consiga controlar e delimitar os locais a que têm acesso (e vejo aí imensas dificuldades), mas não tão boas para um desbravamento inicial de um terreno dado o tempo que demorariam a terminar a tarefa. A ideia não está totalmente posta de parte, mas nesta fase a roçadora e outras ferramentas parecem ser a escolha mais adequada neste caso.

Comprei também uma biotrituradora, para triturar ramos de podas e especialmente silvas. As silvas são um grande problema por aqui, mas não quero queimá-las como muita gente faz, prefiro compostá-las. Só que para isso, precisam de ser reduzidas a lascas, ou seria um pesadelo manuseá-las e geri-las, além de que os caules cortados e arrancados, podem facilmente pegar e dar origem a novas plantas. Este fim-de-semana experimentei a máquina durante cerca de uma hora. Eu e o meu pai triturámos silvas que se acumulavam numa pilha e ficámos satisfeitos com o resultado. Juntei as lascas à pilha de composto e um problema foi transformado em solução.



O meu avô pretende oferecer-me uma motoenxada que ele tem numa arrecadação há anos sem uso. Aparentemente, está com problemas de funcionamento e irei tentar que seja arranjada para a usar por aqui. Tenho cavado com enxada a zona da horta e acho que de todo o trabalho agrícola, é sem dúvida o pior de todos e não é de forma alguma exequível fazê-lo num hectare de terreno. Eu sou admiradora do Fukuoka e acredito piamente que o ideal é não remexer o solo, mas isso implica seguir todo um caminho que não me encontro preparada ainda para percorrer. Obviamente não irei nunca remexer o solo profundamente e revirá-lo, mas uma mexidela superficial para ajudar a controlar as ervas e silvas parece ser uma opção adequada neste terreno.

Existe a questão do consumo energético. Todas estas máquinas consomem gasolina ou energia eléctrica. Não foi de ânimo leve que eu as comprei e/ou decidi utilizar. Há sempre por detrás a consciência de que não estou a desenvolver em pleno a minha auto-suficiência ou a reduzir drasticamente a minha pegada ecológica, ao habituar-me a depender destas máquinas. Mas essa independência poderá vir a ser criada mais tarde, através de fontes alternativas de energia ou com a transição para outros métodos. 

Estou, por exemplo, a ponderar arranjar, de seguida, uma bomba para a água do poço, embora tenha em mente a eventual criação de um lago e sistema de captação e armazenamento de água da chuva, que permita a rega sem consumo energético. Mas enquanto uma bomba custa umas centenas de euros, criar um lago de boa dimensão e swales e valas de drenagem, ficar-me-ia talvez por milhares de euros. E quando o orçamento é limitado e os recursos humanos também, por vezes é necessário recorrer a soluções mais imediatas. De qualquer forma, o objectivo futuro será ter diversas fontes com a mesma função, pelo que a bomba no poço nunca se tornará obsoleta mesmo que venha desenvolver outros métodos de irrigação. Convém ter sempre na manga mais do que uma forma de efectuar a mesma função - um dos princípios da permacultura.

Forno de lenha

A nova casa tem um forno de lenha incorporado no centro da casa. É grande e não muito prático ou económico para ser usado no quotidiano.


No entanto eu estava ansiosa por o experimentar. Só que escolhi mal o dia para a experiência, pois não tinha acendalha suficiente e a lenha também estava um pouco húmida e foi extremamente difícil ateá-lo. Só com ajuda de muito cartão e paciência, é que se conseguiu atear um fogozinho, mas, concluí que só ia dar para cozinhar umas bolachinhas, estava fora de questão cozinhar algo maior.
Infelizmente não esperei que o lume se extinguisse e ainda havia muito fumo no interior do forno, o que fez com que as bolachas ficassem a saber a fumado. Quem beneficiou disso foram os meus cães, que adoraram os biscoitos.


Para cozer pão ou cozinhar alguma refeição, terei de gastar muito mais lenha e criar uma braseira muito maior. Só compensa se for em ocasiões especiais ou para grandes quantidades. Haverão novas tentativas no futuro.

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