6/16/2007

Plantas no escritório III

Finalmente começamos a ter alguma cor na varanda do escritório.
O meu patrão que não queria muitas plantas agora já se queixa que não temos suficientes - queria tê-las já crescidas e a florir. Mas eu tentei fazê-lo compreender que não fazia muito sentido estar a comprar plantas já desenvolvidas que custam muito mais caro que as sementes e que além disso é disparatado estar com pressa, porque na jardinagem, a maior parte do prazer está em percorrer o caminho, ver as plantas germinar e crescer e não no resultado final.
O tempo tem estado perfeito para as plantas porque está um calor de verão, mas tem chovido frequentemente e eu consigo vê-las crescer de dia para dia.É igualmente incrível a quantidade de vida que umas poucas plantas atraem. Nos primeiros dias, quando apenas tinha vasos com terra, apareceram imensos crustáceos tipo bichos de conta (sim, também são crustáceos, não são apenas os camarões e as santolas) debaixo dos vasos. Assim que as primeiras plantas começaram a crescer houve uma explosão de insectos, aracnídeos e aves a visitarem a nossa varanda. Até apareceu um melro! No meio de tanto betão, eles devem agradecer e ficar surpreendidos por encontrarem um pequeno "hotspot" de biodiversidade.
O processo ainda não está concluído. Ainda estou a comprar mais vasos em 2ª mão e mais terra e ainda tenho sementes para semear e aromáticas para plantar. Os feijões ainda têm que crescer e cobrir o gradeamento da varanda, os girassóis, os tomates e cenouras ainda estão pequeninos. Lá comprámos também duas ou três plantas já em flor para compôr o quadro e fazer o patrãozinho feliz.
Os meus colegas ainda gozam comigo porque acham um disparate crescer cenouras e nabiças em vasos, mas não percebo qual é o problema. Se não tiverem muito espaço para crescer ficam anãs e depois, qual é o problema? Teremos verde na mesma e poderemos sempre enfeitar as nossas saladas com cenouras anãs da nossa varanda! Que outra organização em Bruxelas se pode gabar do mesmo?

6/03/2007

Plantas no escritório II

Ainda não tenho muito para dizer, apenas que o esverdeamento da varanda do meu escritório está no bom caminho. O meu patrão deu-me um limite de 200 euros para eu comprar vasos, plantas e terra, mas não contou que eu fosse comprar tudo em 2ª mão, usasse sementes que eu mesma recolhi ou troquei ou recebi de oferta e que no final não gastasse nem 50 euros - mais por causa da terra e de algumas plantas já crescidas que decidi comprar para termos algum verde que se visse de imediato.
Ainda não tirei fotografias, porque as plantas ainda estão a germinar, mas já fiz a minha primeira sopinha com rebentos de nabiças da varanda. Os meus colegas acabaram por aceitar que eu semeasse tomates, cenouras, nabiças, coentros, milho e girassol, mas não se sentem muito confiantes quanto a comê-los. Têm medo da contaminação pelos poluentes do ar da cidade. Mas pelo que sei, apesar de haver alguma contaminação, porque as plantas de facto absorvem poluentes do ar, a contaminação não é pior que a de plantas produzidas no campo, especialmente se forem de modo de produção convencional. Nesse caso a contaminação por pesticidas pode ser bem pior que a contaminação por poluentes na cidade. E há que ter em conta todos os benefícios da agricultura urbana que compensam largamente a poluição dos vegetais. É uma revolução por um mundo melhor e como tal merece toda a dedicação, mesmo que exija alguns sacrifícios, suportar algumas desvantagens. Quando coloco sementes na terra num vaso em 2ª mão que eu mesma pintei de amarelo, cor-de-rosa, verde ou azul, e as vejo germinar contra o cenário cinzento de betão e vidro em meu redor e buzinas de carros durante todo o dia, sinto que estou a transformar o mundo radicalmente, a desafiar os poderes instalados que nos querem arrastar para um mundo cinzento, deprimido e assustado, sem alma, sem destino, sem esperança. Isso vale muito mais que qualquer poluente que tenha contaminado as minhas nabiças.

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