Ainda não tenho muito para dizer, apenas que o esverdeamento da varanda do meu escritório está no bom caminho. O meu patrão deu-me um limite de 200 euros para eu comprar vasos, plantas e terra, mas não contou que eu fosse comprar tudo em 2ª mão, usasse sementes que eu mesma recolhi ou troquei ou recebi de oferta e que no final não gastasse nem 50 euros - mais por causa da terra e de algumas plantas já crescidas que decidi comprar para termos algum verde que se visse de imediato.
Ainda não tirei fotografias, porque as plantas ainda estão a germinar, mas já fiz a minha primeira sopinha com rebentos de nabiças da varanda. Os meus colegas acabaram por aceitar que eu semeasse tomates, cenouras, nabiças, coentros, milho e girassol, mas não se sentem muito confiantes quanto a comê-los. Têm medo da contaminação pelos poluentes do ar da cidade. Mas pelo que sei, apesar de haver alguma contaminação, porque as plantas de facto absorvem poluentes do ar, a contaminação não é pior que a de plantas produzidas no campo, especialmente se forem de modo de produção convencional. Nesse caso a contaminação por pesticidas pode ser bem pior que a contaminação por poluentes na cidade. E há que ter em conta todos os benefícios da agricultura urbana que compensam largamente a poluição dos vegetais. É uma revolução por um mundo melhor e como tal merece toda a dedicação, mesmo que exija alguns sacrifícios, suportar algumas desvantagens. Quando coloco sementes na terra num vaso em 2ª mão que eu mesma pintei de amarelo, cor-de-rosa, verde ou azul, e as vejo germinar contra o cenário cinzento de betão e vidro em meu redor e buzinas de carros durante todo o dia, sinto que estou a transformar o mundo radicalmente, a desafiar os poderes instalados que nos querem arrastar para um mundo cinzento, deprimido e assustado, sem alma, sem destino, sem esperança. Isso vale muito mais que qualquer poluente que tenha contaminado as minhas nabiças.