12/24/2007

Impermanência

Como prometido, andei a coleccionar garrafas e garrafões e já estava a fazer vermicompostagem numa caixa de cartão há cerca de um mês. Mas a impermanência é rainha e fez das suas na minha vida. Arranjei novo emprego e mudei novamente de casa.
Tive que me livrar dos garrafões todos, das minhocas e até do primeiro saco de terra que já tinha em casa para o meu projecto de horta na varanda.
C'est la vie.
Acho que enquanto não tiver morada fixa, não posso voltar a fazer planos deste tipo. Perco tempo e acabo por não terminar nada.

11/14/2007

Planos para uma nova brincadeira verde

Decidi usar garrafões e garrafas de plástico como vasos. Vou pôr em prática a sugestão que o Anderson deixou num comentário aqui no blog e semear cenouras em garrafas de 1.5 lts (uma planta por cada), pois achei fascinante a ideia. Já comecei a arrebanhar garrafas na ESB e a cortar-lhes os gargalos.
A solquartocrescente questionou-me sobre o tamanho dos vasos que eu utilizo para as plantas. Bem, não tenho medidas concretas para dar, é preciso seguir um pouco a intuição consoante o tamanho que sabemos que as plantas podem atingir.
Eu cultivei milho num vaso bem grande, para aí com 1 metro de diâmetro e ele deu-se bem (cresceram uns 3 ou 4 pés), mas tenho noção de que é forçar um pouco a "convivencia" entre as plantas.
As cenouras que cultivei em vaso não chegaram a desenvolver raízes, porque o vaso era demasiado baixo e apesar de eu ter aproveitado a rama, desta vez vou tentar o método das garrafas para ver se obtenho melhores resultados.
Ah, também estou a pensar iniciar vermicompostagem numa caixa em casa, para ver se reciclo eficazmente os meus resíduos orgânicos :)
Agora só preciso de tempo para fazer tudo isto. E parece que cada vez tenho menos...

11/06/2007

Vida nova, varanda nova ;)

Olá novamente. O vosso entusiasmo é contagiante e por isso vou esforçar-me por continuar a fazer algo que valha a pena ser aqui mencionado. Estou neste momento a viver no Porto e no meu poiso temporário tenho uma varanda que pretendo encher de coisas verdes (como não podia deixar de ser).
Estou só a tentar arranjar algum tempo e materiais que possam servir de recipientes para plantas e logo darei notícias.
Quanto às perguntas que me fizeram mais recentemente, lembro-me que alguém queria saber o nome das flores roxas das fotografias, mas infelizmente não sei e não consegui encontrar a resposta. Outra pergunta insistente que me fizeram é como é que combato as pragas que atacam as plantas de varanda, principalmente os danados dos pulgões. Em Bruxelas fui confrontada com esse problema, ataques de pulgões e de outros insectos que nem nunca tinha visto. Mas decidi não fazer nada e esperar para ver. Eles enfraqueceram algumas plantas, mas depois seguiram com a vida deles e as plantas recuperaram sem que eu tenha interferido.
Correndo o risco de vos soar muito "do além", acho que o melhor remédio é dar boa energia às plantas, sorrir-lhes e acreditar que elas serão fortes. Elas sentirão o apoio moral e sobreviverão ao pior ;)
Afinal de contas uma horta de varanda não tem por objectivo garantir-nos a auto-suficiência alimentar nem uma produtividade máxima, pelo que não vejo que seja problemático que se percam algumas plantas pelo caminho.

9/06/2007

Obrigada!

Tenho recebido imensos comentários vossos, a dizerem que vos inspiro, entre outras coisas queridas e nunca tive tempo para vos agradecer.
Na verdade vocês é que me inspiram, porque se não houvesse ninguém a ler este blog, eu já tinha parado de escrever nele.
Ao contrário do que vocês dizem, eu acho que estas "brincadeiras" que ando a fazer não são sequer dignas de publicação. Espero um dia fazer um jardim ou uma horta biológica a sério, mas até agora tudo o que fiz foram projectos fracos e inacabados de que até me envergonho de partilhar, mas como vocês desse lado parecem encontrar inspiração neles, lá vou continuando a escrever umas tontices.
Alguns de vocês colocaram-me questões às quais também não respondi mas prometo fazê-lo em breve. Desculpem lá pelo atraso de meses.
Um abraço grande e obrigada por se darem ao trabalho de ler isto!

8/08/2007

Urban Homestead

Um dia quero ter uma casa assim :)

7/27/2007

Adeus à horta na varanda

Nunca me lembro de levar a minha máquina fotográfica para o escritório e por isso as únicas fotos que tenho da varanda "verde" no seu estado mais actual, foram tiradas por uma colega e não mostram muito das plantas. Mesmo assim, aqui fica uma dessas fotos, como última testemunha da evolução da minha horta de varanda.
Milho atrás de mim, tomates do meu lado esquerdo, morangos e cenourinhas do lado direito e muitas flores pelo meio. Mas apesar de verdejante, a minha horta de varanda continua a causar algumas "polémicas". A colega que me tirou a foto arrancou cerca de 70% das cenouras e deitou-as para o lixo, alegando que considerava tortura para as cenouras tê-las em tão grande densidade num vaso. Eu expliquei-lhe que tenho estado a desbastá-las progressivamente enquanto vão crescendo e que tenho comido a rama daquelas que recolho! Ela simplesmente arrancou 2/3 das cenouras, deixou o vaso praticamente despido de plantas e deitou toda aquela verdura comestível no caixote do lixo! E ficou espantada quando eu lhe disse que a rama também é comestível! E diz-se ela agrónoma com especialização em agricultura biológica! Estes agrónomos de escritório precisam mesmo de uma horta na varanda ou qualquer dia esquecem-se do que é uma planta.
Entretanto acabei o meu estágio e em breve voltarei a Portugal. Receio pelo futuro das minhas plantas e o mais certo é que aquele cantinho verde vá sofrer alterações. Os meus colegas decididamente preferem plantas "normais" e que não necessitem de cuidados e estão aos poucos a encher o espaço com plantas decorativas que não vão ter nenhum outro papel além do meramente decorativo. Enfim, pelo menos terão plantas, o que já é um ponto positivo.
Em tempos prometi recolher fotos dos canteiros de Bruxelas, mas confesso que não tive tempo nenhum para isso. Talvez ainda o faça antes de ir embora, mas desta vez não prometo nada.

6/16/2007

Plantas no escritório III

Finalmente começamos a ter alguma cor na varanda do escritório.
O meu patrão que não queria muitas plantas agora já se queixa que não temos suficientes - queria tê-las já crescidas e a florir. Mas eu tentei fazê-lo compreender que não fazia muito sentido estar a comprar plantas já desenvolvidas que custam muito mais caro que as sementes e que além disso é disparatado estar com pressa, porque na jardinagem, a maior parte do prazer está em percorrer o caminho, ver as plantas germinar e crescer e não no resultado final.
O tempo tem estado perfeito para as plantas porque está um calor de verão, mas tem chovido frequentemente e eu consigo vê-las crescer de dia para dia.É igualmente incrível a quantidade de vida que umas poucas plantas atraem. Nos primeiros dias, quando apenas tinha vasos com terra, apareceram imensos crustáceos tipo bichos de conta (sim, também são crustáceos, não são apenas os camarões e as santolas) debaixo dos vasos. Assim que as primeiras plantas começaram a crescer houve uma explosão de insectos, aracnídeos e aves a visitarem a nossa varanda. Até apareceu um melro! No meio de tanto betão, eles devem agradecer e ficar surpreendidos por encontrarem um pequeno "hotspot" de biodiversidade.
O processo ainda não está concluído. Ainda estou a comprar mais vasos em 2ª mão e mais terra e ainda tenho sementes para semear e aromáticas para plantar. Os feijões ainda têm que crescer e cobrir o gradeamento da varanda, os girassóis, os tomates e cenouras ainda estão pequeninos. Lá comprámos também duas ou três plantas já em flor para compôr o quadro e fazer o patrãozinho feliz.
Os meus colegas ainda gozam comigo porque acham um disparate crescer cenouras e nabiças em vasos, mas não percebo qual é o problema. Se não tiverem muito espaço para crescer ficam anãs e depois, qual é o problema? Teremos verde na mesma e poderemos sempre enfeitar as nossas saladas com cenouras anãs da nossa varanda! Que outra organização em Bruxelas se pode gabar do mesmo?

6/03/2007

Plantas no escritório II

Ainda não tenho muito para dizer, apenas que o esverdeamento da varanda do meu escritório está no bom caminho. O meu patrão deu-me um limite de 200 euros para eu comprar vasos, plantas e terra, mas não contou que eu fosse comprar tudo em 2ª mão, usasse sementes que eu mesma recolhi ou troquei ou recebi de oferta e que no final não gastasse nem 50 euros - mais por causa da terra e de algumas plantas já crescidas que decidi comprar para termos algum verde que se visse de imediato.
Ainda não tirei fotografias, porque as plantas ainda estão a germinar, mas já fiz a minha primeira sopinha com rebentos de nabiças da varanda. Os meus colegas acabaram por aceitar que eu semeasse tomates, cenouras, nabiças, coentros, milho e girassol, mas não se sentem muito confiantes quanto a comê-los. Têm medo da contaminação pelos poluentes do ar da cidade. Mas pelo que sei, apesar de haver alguma contaminação, porque as plantas de facto absorvem poluentes do ar, a contaminação não é pior que a de plantas produzidas no campo, especialmente se forem de modo de produção convencional. Nesse caso a contaminação por pesticidas pode ser bem pior que a contaminação por poluentes na cidade. E há que ter em conta todos os benefícios da agricultura urbana que compensam largamente a poluição dos vegetais. É uma revolução por um mundo melhor e como tal merece toda a dedicação, mesmo que exija alguns sacrifícios, suportar algumas desvantagens. Quando coloco sementes na terra num vaso em 2ª mão que eu mesma pintei de amarelo, cor-de-rosa, verde ou azul, e as vejo germinar contra o cenário cinzento de betão e vidro em meu redor e buzinas de carros durante todo o dia, sinto que estou a transformar o mundo radicalmente, a desafiar os poderes instalados que nos querem arrastar para um mundo cinzento, deprimido e assustado, sem alma, sem destino, sem esperança. Isso vale muito mais que qualquer poluente que tenha contaminado as minhas nabiças.

4/13/2007

Plantas no escritório

Nunca mais aqui escrevi nada, porque pouco se passa que eu possa aqui contar. Desisti do meu plano de fazer compostagem na varanda/terraço do meu escritório. Pensei muito nisso e até descobri que a Comuna de Etterbeek (a freguesia onde se situa o escritório) paga metade do valor dum compostor doméstico a quem adquira um, mas concluí que a quantidade de resíduos orgânicos que se produzem no escritório são tão poucos que demoraria um ano a encher um pequeno caixote do lixo com eles.
Quanto ao plano de encher a varanda e o escritório de plantas foi adiado para o início da Primavera e muito alterado... O meu patrão concorda que devemos ter plantas, mas apenas uma ou duas no interior e poucas mais no exterior e a ideia de ter couves e nabos não lhe parece bem. Ele está demasiado preocupado com as aparências, quer que o escritório tenha um ar normal de escritório em Bruxelas. O que pensariam os convidados ilustres que por lá passam se vissem couves a crescer na varanda? Eu penso que achariam perfeitamente adequado, tendo em conta que estariam no escritório da Federação de Agricultura Biológica, mas o meu patrão tem pouco espaço mental para a imaginação, criatividade e ousadia. Um escritório é um escritório, tem que ser cinzento e geométrico, mesmo que esteja a trabalhar em prol duma visão do mundo que quebre as barreiras do convencional.
Mas penso que lá pelo meio das plantas puramente ornamentais conseguirei integrar algumas hortícolas que também têm valor ornamental. Para o interior do escritório consegui fazer uma lista de plantas que além de ornamentais também são muito eficazes a limpar o ar interior de poluentes. Já comprámos duas ou três e aos poucos penso que ainda iremos comprar mais.
Aqui ficam alguns links para informação sobre plantas de interior que limpam o ar:
http://www.care2.com/channels/solutions/home/392
http://www.zone10.com/tech/NASA/Fyh.htm
http://www.extension.umn.edu/yardandgarden/ygbriefs/h110indoorair.html
http://frugalliving.about.com/cs/cleaning/a/050404.htm
A minha colega Lena quer ajudar-me a povoar a varanda de verde e trocámos livros com ideias - ela emprestou-me um em alemão (pouco mais percebo que as imagens) e eu emprestei-lhe um em francês que comprei numa feira do livro e que é um regalo para os olhos. Nas próximas duas semanas iremos tentar aplicar as ideias dos livros e as minhas próprias ideias e depois conto como correu.

1/18/2007

Comida biológica

Não tenho muito para contar, porque não tenho tido tempo nem condições para me dedicar à permacultura ou à horticultura. Estou mais dedicada ao meu desenvolvimento pessoal e à minha aprendizagem noutros campos.
Por enquanto tudo o que posso dizer é que a minha experiência de consumo ecológico e biológico teve um resultado positivo. Consegui com o meu pouco dinheiro comprar apenas alimentos biológicos e produtos ecológicos. Tornei-me cliente habitual das lojas Bioshop e Shanti, onde compro semanalmente a minha comida, mas também dentríficos, shampôs, produtos de limpeza, papel higiénico, etc, sempre ecológicos. Estranhamente não notei grande diferença nos meus gastos ao fim do mês. Deve haver muitas razões para isso, começando pelo facto das diferenças de preço não serem assim tão significativas e acabando no facto de que quando nos tornamos consumidores conscientes além de consumirmos melhor passamos a consumir menos, o que acaba por equilibrar as finanças.
Continuo espantada com o consumo vestigial de frutas e hortícolas da maioria das pessoas. Comem abundantemente massa, arroz, batatas, pão com charcutaria e queijo e tudo o mais que que seja rico em calorias mas não em nutrientes, acompanhado por vezes de algum tipo de alimento vegetal em quantidades muito, muito reduzidas. Fruta é coisa que comem apenas de quando em quando.
A desculpa das pessoas nunca é que não gostam de vegetais, é sempre a de que são caros, o que me deixa ainda mais incrédula, pois não só eu consumo 10 vezes mais vegetais e fruta que a pessoa média, como agora só compro produtos biológicos e mesmo assim com o pouco dinheiro que tenho, consigo não passar fome e ainda ter dinheiro para viajar, sair com os amigos, ir ao cinema, etc.
Antes achava que havia razão nesse argumento, mas agora sei que excepto para quem é verdadeiramente muito pobre, a desculpa do dinheiro é muito esfarrapada e uma escapatória fácil a ter que se reflectir sobre o que se come.

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